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quinta-feira, 8 de julho de 2010

UM POUCO DO QUE VIVEMOS

Vamos lutar "POR UM MUNDO SEM BULLYING".

Uma das coisas que os pais mais ensinam a seus filhos desde criança é a não fazer a outrem o que não queríamos que nos fizessem.
Mas será que eles absorvem tal ideia?
Essa é uma das dúvidas.

Como fui mãe ainda jovem tive que superar minha maturidade, correr contra o tempo e alcançar um bom espaço na sociedade (profissionalmente), para que assim, eu pudesse oferecer a minha filha uma boa educação e tudo aquilo que uma mãe sonha em poder dar a seus filhos.

Minha filha nasceu, linda, rosada, extremamente saudável. Foi crescendo e tornou-se uma criança dócil, carinhosa, extrovertida e carismática.
Até os nove anos ela estudou em um colégio particular de pequeno porte, perto de casa, era conhecida por todos, respeitada e adorada. Foi quando surgiu à oportunidade de trocá-la de colégio. Uma escola maior, outros conceitos. Como toda mãe, fiquei feliz da vida iria proporcioná-la um futuro melhor.

Foi quando o pesadelo começou:

Na primeira semana de aula, ao invés de encontrar minha filha feliz ao retornar da nova escola, com toda tecnologia, com um enorme pátio e tudo mais, passei a encontrar uma criança receosa, acuada, temerosa.

Ao questioná-la sobre o que estava acontecendo à resposta era sempre a mesma:

-Nada mãe, não é nada.

O tempo foi passando e cada vez mais o problema se agravava. A escola me contatava descrevendo uma criança completamente diferente daquela que eu conhecia. Dizia que a menina não acompanhava as matérias, que era dispersa, que parecia viver no mundo da lua.

Claro, tudo tinha uma explicação.

No meio do ano, a professora de sua turma deu lugar a outra e então o caos veio à tona:

Minha filha passou a não querer brincar mais, não dormia direito, gritava durante a noite, desenvolveu herpes nervoso, gastrite, tinha fortes enxaquecas, TDA e por fim depressão.
Passei a contar com uma equipe de médicos, dentre eles: neurologista, psicóloga, pediatra. Também com profissionais educadores, psicopedagoga e professores particulares, para que, além de todo sofrimento orgânico e psicológico, minha filha não perdesse o ano.

Com o auxilio dos profissionais minha menina passou a contar os fatos. Dizia que em sua turma havia um menino que a insultava com agressões moral pelo fato de ser gordinha. Não podia fazer parte das brincadeiras porque era excluída pelo grupo, não podia descer as escadas com calma porque a empurravam dizendo:

-Sai da frente sua gorda, tu só atrapalhas.
O telefone passou a tocar no meu trabalho, todo “santo” dia perto da hora do intervalo da escola, ao lembrar que teria que descer para o pátio, o organismo se defendia com vômitos, diarréia, fortes dores de cabeça e tudo mais.

Ao ir buscá-la a encontrava aos prantos, dizendo:

-Mãe, de que adianta viver se ninguém é meu amigo?

-Me ajuda mãe, eu só quero ser feliz. Quero ser magra para poder ser aceita e respeitada.

Às vezes eu ia à escola escondida, como uma mãe em desespero cuidando de seu filho, e avistava minha menina escondida no banheiro para comer o lanche, por outras vezes sentada nas escadas contando seus dedinhos.

A revolta era muita, a escola negava tudo.

Um determinado dia no inicio do mês de setembro, ao levá-la para escola parei o carro (com o sinal de pisca alerta) e a motorista do veículo de trás começou a buzinar insistentemente. Então eu disse a ela para ter calma, pois ali era uma escola onde nos horários de pico o trânsito complicava. Foi quando a mesma começou a gritar:

-Só podia ser tu a mãe dessa gorda! Tua filha é uma gorda...

Ela tentava me agredir. E conseguiu.

Nossa! Foi à sensação mais angustiante da minha vida. Um sentimento de humilhação e muita revolta tomaram conta de mim.

A tal motorista fugiu. Parei o carro, chorei como uma criança e pedi muito a Deus:

-Senhor dê-me forças para fazer justiça!

Dois dias após, ao ir buscar minha filha na escola. Quando no pátio da mesma, adivinha quem eu encontro?

Aquela moça, motorista que me machucou tão fortemente quanto se estivesse me ferido com uma faca.

Quando me viu começou a gritar:

- Haaaa olha quem está aqui!

Eu respondi que o que ela havia dito sobre minha filha ela ia pagar de qualquer maneira, que Deus era justo e que disso eu tinha certeza.

Ela irritou-se, dando risada partiu para cima de mim e me agrediu, toda escola viu, inclusive minha menina. Meu pai que estava comigo tentou segurá-la.

Apanhei por ter uma filha gordinha? Que tipo de ser humano é esse? Em que mundo estamos vivendo? Como uma pessoa pode ser tão cruel?


Dúvidas que não encontro respostas.

Pedi novamente auxilio a escola, que a meu ver tinha sim responsabilidade uma vez que fui agredida lá dentro. Quem era aquela pessoa? O que ela fazia ali?

Sofri muito. Não bastasse o que meu coração vinha sentindo ao ver minha filha sofrer, ainda passei a sentir dores e hematomas no corpo físico.

A escola por sua vez, trocou minha filha de turno e veia a informar-me que a “moça” era responsável pelo aluno que vinha ao longo do ano fazendo o “terrorismo” com minha filha em sala de aula.

Tudo tem um motivo.

Minha pequena repetiu o ano.

Um ano realmente muito triste, mas repleto de propósitos:

Um deles eu encontrei, descobri forças que nem eu mesmo sabia que existiam dentro de mim.
Descobri que tenho uma linda missão, levar luz a milhares de educadores, pais e crianças que sofrem bullying, levar esperança, fé, coragem a essas famílias.
Gritar para o mundo que é possível sim dar um basta nesse tipo de agressão. É possível mostrar para esses ignorantes que os fracos são eles, que a grande e verdadeira vítima são ele, por não terem sabedoria.

Atualmente minha filha trocou de escola, lá encontrou um novo "lar", que lhe acolheu de braços abertos. Uma escola extremamente preparada que assume que o bullying também tenta existir lá dentro, porém não há espaço para os bully's.
Sendo assim, o bullying não permanece. E isso é o principal.

Minha menina voltou a sorrir, voltou a brincar, a tirar boas notas, seus cadernos são lindos, faz as tarefas com dedicação e quando foi questionada por um dos seus professores sobre o que vem achando da nova escola ela respondeu:

- Aqui existe amor, harmonia e respeito!

Tão pequena e tão sábia, é capaz de ganhar um troféu por sua coragem.

Vamos nos unir, acreditar, lutar POR UM MUNDO SEM BULLYING!

Abraços com carinho,

Fátima Cristina de Azevedo

e-mail para contato: porummundosembullying@hotmail.com


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Quem sou eu

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Uma pessoa do bem, com muita fé. Sec. Executiva, estudante de Psicologia, palestrante com referência em bullying.